IX SEMINÁRIO INTERNACIONAL NANOTECNOLOGIA, SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE
DIA 30/10/2012 - MANHÃ
CONFERENCISTA:
GEORGIA MILLER / DOUTORANDA UNIV MELBOURN / AUSTRALIA
TEMA: NANOTECHNOLOGY , EXTENSION AND TRANSFORMATION OF
INEQUITY. (NANOTECNOLOGIA, EXTENSAO E
TRANSFORMAÇÃO DAS INJUSTIÇAS)
Georgia diz que o
maior foco no debate das políticas de nanotecnologia é a busca de um equilíbrio
entre riscos e produção. Uma outra visão dá conta de que deve existir
preocupação com a distribuição dos benefícios e revezes destas nanotecnologias.
Que não são necessariamente igualitárias, pelo contrário existem aqueles que
defendem que isto poderá criar iniquidades.
Os riscos sociais
não devem ser negligenciados. Existem previsões de possíveis perturbações
sociais profundas. As extensões deverão ser amplas, atingindo várias áreas sem
que se esteja discutindo questões ligadas à iniquidade já existente que poderá
ser exacerbada.
As tecnologias
possuem características que podem promover a equidade? Para quem estas
tecnologias estão sendo desenvolvidas? Estas e muitas outras questões impõem-se
como essências para definir o rumo do desenvolvimento e, principalmente, para
mitigar as injustiças que eventualmente advenham deste desenvolvimento.
É importante
ressaltar que grandes valores são destinados para as nanotecnologias com
aplicação militar que sequer sabemos o que são. Esta situação tende a aumentar
a iniquidade não só entre pessoas, mas também em relação aos países.
Outra questão é que
muitos dos produtos de nanotecnologia são produzidos como de alto desempenho,
ou seja, mais caros e voltados apenas ao público de alto teor aquisitivo.
Pergunta-se: que benefício isto teria para as camadas menos favorecidas?
Embora as
nanotecnologias sejam saldadas como sustentáveis muito poucos de seus produtos
são efetivamente amigáveis ao meio ambiente ou tem este viés como sua principal
característica.
Observando as
patentes de nano produtos logo no início apenas países desenvolvidos faziam
estas patentes, mas isto tem sido alterado coma entrada da China que aumentou
incrivelmente suas pesquisas no setor.
A grande pergunta
é: as nanotecnologias irão promover ou diminuirão as iniquidades? Embora muitas
aplicações sejam voltadas a comunidades menos favorecidas até que ponto isto
realmente resgata estas comunidades de sua situação de vulnerabilidade?
Georgia entende
que, sem controles e condições de contorno, as iniquidades serão aumentadas.
Tradicionalmente as decisões estão concentradas em países do hemisférico norte
que tendem a definir o que os outros devem fazer sem um amplo debate.
Ainda que se apoie
o engajamento público não são dadas condições deste público influir nas
decisões que continuam a ser tomadas por uma minoria.
MESA REDONDA
TEMA:
NANOTECNOLOGIA E ENGAJAMENTO PÚBLICO
PALESTRANTES
M.S. FERNANDA
MARQUES / FIOCRUZ / RJ
Engajamento ->
ouvir falar -> conhecer -> participar (esta é uma escala que diminui
quando avançamos através dela).
Propõe o uso do
jornalismo como porta de entrada para o conhecimento de novas tecnologias
especialmente as nanotecnologias.
As percepções sobre
tecnologias (nanotecnologias) tem diversos vieses quase sempre determinísticos
e positivos, mas muito pouco questionador.
O jornalismo tem
dois braços: um econômico e outro intelectual. Atualmente o braço econômico é
mais forte e seria bom buscar o equilíbrio. O surgimento de novas tecnologias
de Internet (Redes sociais) gera mudança por terem trazido um caos de
informação.
Há dificuldade de
ouvir os demais lados envolvidos na questão.
A ciência não é só
dos cientistas, desta forma, todos são impactados pela ciência e, desta forma,
todos devem engajar-se neste debate.
PROF DR PHIL MACNAGHTEN / DEPARTMENT OF GEOGRAPHY,
DURHAM UNIVERSITY , INGLATERRA
A futura governança
da nanociência é o tema da palestra.
A controvérsia em
relação a outros problemas tem levado a um busca por um melhor engajamento
público nas questões tecnológicas. Neste cenário as nanotecnologias podem ser
um campo promissor para fazer este engajamento.
Não existe um
discurso publico em nanotecnologias então engajar o público torna-se
especialmente difícil.
O Dr. Phil
desenvolveu projetos para avaliar o engajamento público em nanotecnologias em
vários países da Europa.
Os resultados
encontrados mostram a existência de uma ambivalência e não essencialmente prós
e contras como antagônicas. De outro lado as nanotecnologias funcionam como
intensificador das preocupações trazendo em si alguns dilemas.
Destaca cinco
narrativas mestres em relação às nanotecnologias: 1) mantenha no escuro (falta de poder frente
as nanotecnologias que são inevitáveis); 2) os ricos ficam mais ricos e os
pobres ficam mais pobres (existe um potencial para o aumento da desigualdade);
3) caixa de pandora (é a fonte de todos os males. Mexer em algo que devia ficar
isolado); 4) mexendo com a natureza (similar a caixa de pandora mas
especificamente em relação à natureza e a saúde humana); 5) seja cuidadoso com
aquilo que você deseja (há um apelo
sedutor, muitos benefícios, mas os riscos éticos e concretos desta situação).
As duas primeiras narrativas
são mais modernas enquanto as demais são narrativas antigas em nossa sociedade.
Pensar na
tecnologia como solução é um erro tendo em conta que outros riscos são criados
justamente por estas novas tecnologias.
Como conclusão: as
nanotecnologias tendem a intensificar os dilemas sociais e as pessoas são
mantidas no escuro onde existe a necessidade de reflexões sobre estes temas.
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